Quase 90% dos brasileiros que abandonaram as atividades físicas e os
esportes o fizeram antes dos 34 anos. Os dados fazem parte da Pesquisa
Diagnóstico Nacional do Esporte, divulgada hoje (22) pelo Ministério do
Esporte, no Rio de Janeiro. Pesquisadores de universidades federais da Bahia,
do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, de Goiás, de Sergipe e do Amazonas
participaram do diagnóstico, feito com base em dados de 2013.
O estudo verificou a idade em que as pessoas que praticavam atividades
físicas ou esportes deixaram de ter esse hábito e chegou à conclusão de que 45%
delas tornaram-se sedentárias entre os 16 e os 24 anos de idade.
O ministro do Esporte, George Hilton, destacou que a pesquisa mostra
que o abandono, nessa faixa etária, tem a ver com o ingresso no mercado de
trabalho. Na faixa etária seguinte, de 25 a 34 anos, 18% abandonam a prática. O
início do sedentarismo se dá antes dos 15 anos para 26,8% dos que já praticaram
esporte ou atividade física e pararam.
Para Hilton, o fortalecimento do esporte na escola é a principal forma
de combate ao abandono. "O desporto escolar tem que ter protagonismo, para
que, quando o jovem sair da escola, continue tendo vontade, gana e desejo de
praticar esportes", afirmou.
O esporte mais abandonado pelos brasileiros é também a modalidade
preferida da maioria: o futebol. Segundo a pesquisa, 59,8% dos que praticam
esportes no país jogam futebol, mas 49,8% dos que se tornaram sedentários
entraram para esse grupo justamente por ter "pendurado as chuteiras".
O segundo esporte mais praticado pelos brasileiros é o voleibol, com
9,7% dos praticantes, seguido pela natação, com 4,9%, e pelo futsal, com 3,3%.
De acordo com a pesquisa, 58,8% das pessoas que não praticam esportes
afirmam que não têm tempo e dão prioridade para outras coisas, como estudar,
trabalhar ou cuidar da família. Outras 11,8% declaram que têm preguiça,
desinteresse ou desmotivação e 9,5% alegam questões de saúde.
Os motivos para o sedentarismo mudam de acordo com as regiões do país.
No Sudeste, 41,5% das pessoas sedentárias disseram que têm consciência dos
riscos, mas não se esforçam para mudar. No Sul, 22,4% dão a mesma
justificativa, enquanto 22,8% afirmam que não gostam de esportes ou atividades
físicas e 28,9% dizem não ter tempo. No Centro-Oeste, está o maior percentual
de pessoas que afirmam ter consciência dos riscos, mas não praticam por falta
de condições financeiras: 10,2%.
A Região Sudeste é a mais sedentária do país, com 54,4% da população
sem praticar atividades físicas ou esportes; o Centro-Oeste teve 45,1%, o Sul,
39,3%, o Nordeste, 38,5%; e o Norte, 37,4%.
Para o ministro, o combate ao sedentarismo vai além da infraestrutura.
"É muito mais que ter estrutura esportiva. A prática é cultural e tem que
ser vista pela ótica educacional", disse. George Hilton considera a
situação do Sudeste preocupante pelo potencial de gerar doenças crônicas e
coronárias. "Onde está maior parte da população do país não há
interesse em praticar atividades físicas. Isso tem que gerar um alerta, porque
vai gerar um déficit na saúde pública. É uma conta que não fecha", afirmou
o ministro.
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